Em 2020, os então candidatos a prefeito e vice de Jaguaruna, Laerte Silva e Henrique Fontana, surpreenderam ao vencer as eleições municipais e encerrarem uma alternância de poder entre PP e MDB que se tornou tradição na cidade por muitos anos. Na época, a dupla foi eleita pelo PSC, que em 2023 foi incorporada ao Podemos.
Quatro anos depois, Laerte entrou novamente para a história do município ao se tornar o primeiro prefeito reeleito. Novamente ao lado de Henrique, ambos pelo Podemos, ele recebeu 7.583 votos, 59,10% dos votos válidos. Os dois praticamente dobraram a votação da eleição anterior, quando haviam recebido 3.822 votos.
Para o segundo mandato, Laerte projeta novas obras, entre elas, a recuperação da avenida que corta o Centro da cidade e a construção de um novo Paço Municipal; a criação de intendências no Norte e no Sul do município; além de mais pavimentações. O prefeito também acredita que terá uma relação melhor com a Câmara de Vereadores, um dos maiores desafios da atual gestão.
Sobre o seu futuro político, Laerte revela que tem o desejo de buscar uma vaga na Assembleia Legislativa, mas que o assunto ainda será tratado futuramente pelo seu grupo político. Caso não seja ele o candidato, acredita que outros nomes do seu entorno possam pleitear uma cadeira no legislativo estadual. Laerte defende que a região da comarca de Jaguaruna tenha um deputado estadual.
Confira a íntegra da entrevista publicada na edição de outubro do Infosul.
Você foi o primeiro prefeito a se reeleger na história de Jaguaruna. A que atribui essa vitória inédita?
O que eu acredito que nos levou a ser reconhecido nas urnas no último pleito foi o esforço do trabalho que foi feito junto com o nosso secretariado, o comprometimento de cada um, a liberdade que nós tivemos para poder escolher as pessoas que estão a nosso lado. A gente, de fato, mostrou que para fazer política não precisa de fundo partidário, coligação, algo do tipo, para poder vencer um pleito eleitoral. Então foram essas as ações que nos levaram a sermos vitoriosos no último dia 6 de outubro. Para definir: honestidade, transparência e trabalho com pessoas capacitadas ao nosso lado.
Que balanço o senhor faz desse primeiro mandato que está terminando? Há alguma autocrítica do que poderia ter sido melhor?
Nós enfrentamos sérios desafios, desde o primeiro dia que a gente começou a administrar o município de Jaguaruna. O maior deles foi a parte econômica do município, que veio comprometido ao longo dos anos, com muitos precatórios a serem pagos. Dinheiro esse que a gente poderia estar investindo em obras e não conseguiu porque, de fato, estava engessado por dívidas do passado. Então, a gente se esforçou bastante para tentar colocar a casa em ordem. Hoje a gente tem uma saúde financeira legal, mas a gente entende que ainda há muito a melhorar nesse sentido. [Precisamos] achar mecanismos para poder fazer com que o município tenha sua vitalidade econômica.
Quais os principais projetos que pretende realizar no segundo mandato?
Nós temos grandes obras para tirar do papel nesse segundo mandato. Entre eles: um segundo acesso, um Paço Municipal novo, a revitalização da avenida do Duque de Caxias e a revitalização da SC-441, que liga a BR-101 ao nosso Centro. Temos também projetos ambiciosos como uma ligação dos balneários, que seria Esplanada ao Campo Bom e campo Bom ao Arroio Corrente. E também, quem sabe, se acaso conseguirmos, a pavimentação asfáltica do Laranjal, Carioca, Arroio da Cruz e Arroio Corrente.
Há algum projeto encaminhado para ter início logo no começo do próximo ano?
Eu acredito que não. A gente vai trabalhar na execução dos projetos, que seria do segundo acesso e também do projeto para podermos ter um Paço Municipal, onde a gente iria fazer um centro administrativo em que levaríamos todas as nossas estruturas para um único local para poder atender bem a sociedade jaguarunense.
Uma de suas propostas é a criação de subprefeituras. Como será essa ideia na prática? Quantas serão? Onde ficariam? Qual a estrutura delas?
Então, na verdade, a gente aqui chama de intendência. É a mesma coisa que se fosse uma subprefeitura, onde a gente teria um diretor e teríamos mais alguns cargos para a gente poder ajudar a comandar e executar os trabalhos nessas regiões. Onde seria? Seria uma intendência na região sul e uma intendência na região norte. Composta por algumas pessoas que nos ajudariam dando agilidade, principalmente, na melhoria e na benfeitoria da limpeza urbana e melhoria nas infraestruturas desses bairros e balneários dessas regiões.
Neste primeiro mandato o senhor enfrentou muita dificuldade na Câmara de Vereadores. Agora seu partido elegeu três vereadores e o Novo, partido aliado, um. Ainda assim, não tem maioria. Como vislumbra a relação com os vereadores no segundo mandato?
A gente vai estar muito mais maduro politicamente. A gente teve a felicidade de ter quatro vereadores eleitos. A Câmara teve uma renovação de mais de 95% dos seus vereadores. Então, com isso, os próximos vereadores, que de fato vão exercer esse próximo mandato, entenderam e estão entendendo que a população não quer mais saber de briga, picuinha ou divergências partidárias. Entende que, de fato, eles querem que os vereadores e o prefeito, em si, tenham um trabalho em comum acordo pra que a gente consiga trazer grandes obras para o município e fazer com que a vida do jaguarunense seja ainda melhor. Então, eu vejo que vai ser uma nova etapa, vai ser um novo mandato e a gente vai conseguir ter uma discussão um pouco mais amigável e dentro das parcerias para poder fazer as coisas acontecerem.
A boa avaliação da sua gestão, referendada pelas urnas, e a conquista inédita de uma reeleição no município fortalecem o seu nome na região. Tem algum projeto político maior para o futuro? Uma candidatura a Assembleia Legislativa, por exemplo, está no horizonte? Ou pretende encerrar o mandato?
Se eu não falar que eu não tenho uma ambição mais adiante, eu estaria mentindo. Mas temos aí aproximadamente mais um ano e seis meses, se caso a gente for se descompatibilizar para poder ser um candidato a deputado. Então, a gente tem que focar no agora. Deixar um pouquinho pro amanhã para a gente pensar um pouco mais tarde. Mas a gente vai sempre estar lutando pelo melhor da cidade de Jaguaruna. Eu acredito que para nós, para a região da comarca de Jaguaruna – composta pelos três municípios, Treze de Maio, Sangão e Jaguaruna – seria muito interessante que nós tivéssemos um nome pleiteando essa candidatura para a Assembleia. E eu não nego que tenha essa vontade, mas vamos deixar isso para mais adiante.
Seu grupo político, que se destacou com uma forma diferente de fazer política, não pensa em lançar nomes em 2026?
Olha eu já respondi essa pergunta na pergunta anterior, mas nós temos vários nomes. Principalmente, temos quatro novas pessoas que podem se destacar na Câmara Municipal e fazer uma bela caminhada e colocar seu nome à disposição para o pleito de 2026. Temos o próprio Henrique, que é o vice-prefeito, que está conosco há quatro anos e também já está apto e habilitado para ser um candidato a partir de 2026. Então eu vejo que nós temos grandes nomes ainda para colocar à disposição do nosso partido, que é o Podemos, para essa disputa que está próxima a chegar, que seria a partir de 2026. Eu vejo que a gente tem que escolher um bom nome, um nome que possa vir somar e que tenha a credibilidade da população. Não só da população jaguarunense, mas da região da Amurel, para que consiga agregar votos pra poder ter a possibilidade de se eleger e fazer um bom mandato por essa região. Então, mais uma vez, reforçando que nós temos pessoas capacitadas, fizemos uma política que é diferenciada na região da Amurel. A política onde não pegamos fundo partidário, não participamos de coligações e muito menos ofertamos promessas de cargos para as pessoas votarem em nós. A gente apenas mostra que há capacidade e tem como fazer uma política construtiva que possa trazer resultados para as pessoas. E eu acho que em 2026 a gente pode ter sim um jaguarunense pleiteando uma cadeira na Assembleia.