Seja muito bem-vindo a minha coluna! Agradeço imensamente você estar aqui.
Meu nome é Marcele e sou psicóloga. Para os íntimos, sou cele, cecé, psi. Podem se aconchegar e sermos íntimos uns com os outros aqui. Criarmos novos apelidos e carinhos. Esta coluna é para mim e para você, então é importantíssimo para mim esta intimidade que iremos iniciar hoje. E vamos falar a verdade, quem não gosta de intimidade, né? Sentar e poder falar sem ficar nervoso, poder falar alto, baixo, sem medo de ser analisado e julgado. Você se sente muitas vezes assim? Sem medo, sem julgamento?
Todos nós amamos isto, tanto que vivemos uma vida procurando locais e relacionamentos que fazem nos sentirmos desta forma, com esta intimidade. Procurar a nossa casa, o nosso local ao sol. Um local que podemos andar pelados, sem amarras e que seja NOSSO! Onde ninguém pode interferir e podemos ficar sem medo. Intimidade com o papel da parede, com a geladeira, com a tv. Encontrar amores que nos proporcionem carinho e afeto. Daqueles que podemos dormir num meio de um filme sem ficar com remorso, que podemos falar com voz de neném e nem sermos questionados. Ter amizades para rirmos e podermos abrir a geladeira sem pedir, ou comer a última bolacha sem cerimônia.
Vivemos procurando estas situações, pois nelas não precisamos estar com nossas defesas no alto e podemos ser quem somos de verdade. O que arrota, o que as vezes não sabe a resposta, o que ri com barulho de porco. É tão bom estarmos em relações que não precisamos pensar tanto, que não precisamos ficar olhando cada atitude. É liberdade! Mas por que será tão difícil conseguirmos isto?
Acho que a resposta está aqui, como todos querem esta liberdade, não conseguimos um equilíbrio entre todos. Todos querem a última bolacha. Uns acham libertador arrotar, outros acham que é nojento e intimidade é ao contrário: não arrotar. E como conseguimos colocar todas estas liberdades na intimidade da amizade, do amor? Conseguimos do momento que olhamos para o outro e colocarmos limites. Mas o que tem a ver liberdade e limites? TUDO! É necessário que aprendermos que a nossa liberdade vai até onde o outro pode, consegue e quer ir na intimidade criada. É olharmos para a liberdade do outro. E isto conseguimos na conversa, em escutar e ser escutado. Em olharmos para nosso amigo e criar regras estabelecidas sobre o uso do celular quando estão na mesa de um bar juntos, ou conversar com seu namorado sobre a toalha em cima da cama. É falar! Falar dos seus limites, de sua liberdade e até onde você se sente bem. E escutar o outro. Desta forma, conseguiremos a verdadeira intimidade, o real carinho e amor.
E é isto que quero nesta coluna. Escutar vocês, o que vocês querem ler, como querem ler. Para a intimidade que se inicia hoje, nunca seja desrespeitada e a liberdade, tanto minha quanto a sua, nunca negada.
Até a próxima semana para continuarmos a falar e escutar.