Nesta-quinta-feira (14), dia em que comemora 17 anos, o Tubarão apresentou oficialmente o seu novo técnico: Luca Casarino. O italiano de 44 anos, que faz um grande trabalho na equipe sub-20, também será o responsável por conduzir o profissional na disputa da Série B do Catarinense, que inicia no dia 29 de maio. Durante a coletiva, Casarino avaliou os primeiros meses de trabalho no Domingos González e comentou sobre a preparação da equipe que vai buscar o retorno à elite do futebol catarinense.
— Cheguei no Brasil em 2010, quando trabalhava para o Milan na coordenação das academias, na função do scout. Em 2012 decidi ficar no país para tentar minha carreira como treinador. Minha primeira experiência foi no Londrina, como auxiliar e coordenador do sub-20. Fui para o Grêmio Barueri como auxiliar no profissional e depois fui para o Coritiba, onde assumi como head scout do profissional. Senti falta do campo, porque meu trabalho principal é treinador. Saí do Coritiba e passei pelo Guarani de Palhoça em 2019 e setembro de 2020 fui convidado pelo Rogério Micale para ser auxiliar dele no Paraná. Sai no começo de 2021 e agora recebi o convite do Tubarão. Estou muito feliz de estar aqui, pela importância que o Tubarão tem no cenário do futebol brasileiro. É uma experiência muito importante – disse.
A campanha da equipe sub-20 impressiona. O Peixe é líder com 100% de aproveitamento e um jogo a menos em relação a algumas equipes. Luca Casarino elogia a equipe e diz que as boas atuações são ainda mais importantes que o resultado. “Estamos tendo bons resultados, boas atuações, que é o mais importante. Uma coisa é consequência da outra: para ter resultados, precisa de boas atuações. Você pode ganhar um jogo ou outro, mas num longo prazo não vai ter resultado”, enfatiza. Luca justifica o conhecimento do grupo como um dos fatores da boa campanha. “Fui bastante ajudado na formatação do sub-20 por já conhecer bastante os jogadores, que já trabalharam comigo ou que eu conhecia por outros trabalhos como observador. Tive a ajuda do Márcio, estamos trabalhando em conjunto. E como ele já comentou temos pouca margem de erro. Estamos trabalho 24 horas por dia para levar o Tubarão onde ele merece estar”, acrescenta.
Enquanto treina os garotos do sub-20, o técnico italiano do Tubarão também se divide na montagem do elenco profissional para a Série B. “Tem momentos do dia que eu sou treinador dentro de campo e outro que sou o treinador que tenta ajudar o Márcio (gerente de futebol) através de contatos para encontrar jogadores que possam ajudar o Tubarão nesse objetivo que é voltar para a Série A”, conta.
No sábado (16), contra o Blumenau, às 15 horas, Luca fará a sua estreia como técnico no Domingos González. O treinador ficou de fora dos primeiros jogos por conta do visto de trabalho e vinha assistindo às partidas das tribunas da Vila. Na semana passada, fora de casa, ele estava regularizado e fez sua estreia contra o Inter de Lages. Para o seu primeiro jogo em casa, a torcida do Peixe promete uma grande festa e uma ação de Páscoa para as crianças. “O torcedor é o principal, o coração do clube. Desde a primeira rodada nós vemos a torcida dentro do estádio e sentimos a vontade deles de estarem ali depois de todo o problema da pandemia. Vamos fazer de tudo para deixar eles felizes. Ainda mais na véspera da Páscoa, para passarmos a Páscoa todos felizes”, destaca.
Em suas redes sociais, Luca Casarino se mostra um grande fã de Marcelo Bielsa, ex-técnico da Seleção Argentina e que recentemente levou o Leeds United à Premier League. O italiano fala que Bielsa é uma de suas referências. “Gosto muito do Bielsa. Não só dentro de campo, fora de campo também. A metodologia de trabalho dele mostra o quanto é importante o trabalho fora de campo, de entrar na mente do jogador. Se você consegue fazer isso, o jogador estará disposto à fazer tudo e o resultado vai se mostrar dentro de campo”, revela.
Em relação aos seus conterrâneos, Luca cita Carlo Ancelotti, hoje técnico do Real Madrid. Eles trabalharam no Milan no mesmo período. “Eu tive a oportunidade de trabalhar no Milan e acompanhei muito o Ancelotti. A cada três meses eu estava em Milão para fazer estágio. Tenho ele como referência, o estilo de trabalho. A liderança de grupo é muito parecida com a do Bielsa, procura ter muita conversa com os jogadores. É a parte mais importante. Quem vai perder ou ganhar os jogos são os jogadores. O treinador precisa dar todas as ferramentas ao jogador para resolver os problemas que ele vai encontrar dentro de campo. Por isso o Ancelotti também é uma referência pra mim”, completa.
Luca Casarino também destaca a sua metodologia de trabalho nos treinamentos e o sistema de jogo utilizado na grande campanha do sub-20 na Série B. “No começo eu tive algumas dificuldades. O meu pedido é que sempre tentem pressionar, mas o jogador brasileiro não gosta muito disso, gosta de jogar com a bola no pé, não gosta de jogar no espaço. Mas aqui encontrei um grupo de trabalho muito bom e isso está sendo aplicado muito bem. Devagar estamos chegando nos nossos objetivos. Os treinamentos são muito intensos. Peço para o jogador treinar como se estivesse jogando, para que ele já se acostume com aquilo que ele vai encontrar na partida”, diz Luca. Em relação ao esquema tático, ele conta que não há uma formação específica. “Muito depende dos jogadores que vamos colocar dentro de campo. Estou muito feliz porque tenho muitas variedades de jogadores que me permitem utilizar um 4-3-3 ou 4-2-3-1, podendo jogar com um meia-armador ou dois extremos mais agudos”.
Na avaliação de Luca Casarino, as contratações para a Série B precisam ser pontuais. O treinador acredita que os jogadores da equipe sub-20 podem integrar o time principal. “Acho que tem jogador no sub-20 que tem qualidade para estar entre os profissionais. Por isso nossas contratações estão sendo pontuais. Não vou trazer um profissional pra cá quando eu acho que o jogador da base seja melhor naquela função. Vamos analisando bem. Por isso tem bastante mudança nos jogos do sub-20, para dar oportunidade pra todo mundo e que eu possa entender que o jogador tem a condição física e técnica para estar no profissional”, comenta. Luca Casarino também faz uma projeção da segundona catarinense. “A competição esse ano será bem complicada. Tem um time que todos acham que, pela história, por estar jogando a Série B do Brasileiro, a vaga já está preenchida, que é o Criciúma. Vamos tentar fazer o possível pra deixar a torcida feliz. Vamos lutar para subir. Foi um pedido que eu fiz para a nossa diretoria: me dar a possibilidade de subir. Não tem sentido tocar um clube que não tenha esse objetivo. Vai ser difícil? Vai. Mas trabalhando como estamos fazendo podemos ter resultados importantes lá na frente”, finaliza.
Por fim, Casarino parabeniza o Tricolor da Vila pelo aniversário de 17 anos. “Quero dar os parabéns ao clube e à a torcida que acompanha com muito calor. Sempre recebi informações muito positivas do Tubarão. Teve um jogador que cresceu comigo, o Paulo Henrique, que hoje está no Juventude e passou por aqui. Conheci também o Dennys, que hoje está na base do América-MG e o Raffaele (Messina) que também trabalharam aqui. Fiquei muito feliz quando recebi o convite. É um clube muito importante e a gente tem que fazer de tudo pra levar o Tubarão de onde merece estar“, finaliza.
Assista à integra da coletiva de apresentação do técnico Luca Casarino na TV Tubarão:
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